sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Próxima parada...


Rio de Janeiro
São Paulo
Salvador
São Paulo
Rio de Janeiro
São Paulo
Londres
Estocolmo
São Paulo
... Curitiba (?)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O gosto do chão


Hora de se levantar...

Algumas vezes nos vemos no fundo...
No raso...
Dai é só pra cima que se pode olhar...
É só pra cima que se pode cair...

As marcas do chão ficam ali,
Enlameando nossa carne,
Impregnadas em nosso corpo,
em nosso coração...

Pra gente se lembrar sempre,

do gosto do chão...
... e do sabor do ar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Espera

Fiquei a tua espera...
...mas você não apareceu.

Nem eu...


Você existe ?
Eu não.

sábado, 25 de outubro de 2008

Guarde as armas


Estou machucado, ferido...
Ferido de guerra...
E saio sangrando da luta...
Ergo barreiras a minha volta,
Muros altos e intransponíveis.
E me armo até os dentes...

Quando me percebo devastado e vulnerável, faço isso.
Tento me proteger... um pouco que seja...
E até penso em atacar.
Afinal, pra que continuar sangrando?
Pra que me esvair sem forças pra continuar...

Uma armadura.
Apesar de estar em pedaços,
tento juntar o máximo de mim possível,
E me armo... até os dentes.

E qual a melhor defesa se não o ataque?

Calma, calma...
Guarde as armas...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Descompasso



Quando um amor se vai, fico acreditando que não serei capaz de amar novamente.
É como me sinto...

Sei que vai acontecer... (pelo menos tento acreditar)

Mas fica um vazio, uma falta, uma dor,
fica uma morte... fica ainda o amor.

(Hoje de manhã, romântico que sou, achei que estava prestes a conhecer um novo amor...)

Ao olhar... um descompasso do coração, um tremor leve das pernas...
Ao conhecer... um frio subindo a espinha, um ligeiro rubor nas faces...
Ao falar... um olhar atento, um gesto elaborado...
Proposital.
Uma alegria contida, um sorriso tímido...
Incontrolável.
A fala truncada e envergonhada...

Será amor? Ou uma atração?
...
Que pena, apenas tesão.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Falta-me (*)






Queria ouvir-te, mas me falta tua voz
Queria falar-te, mas me falta teus ouvidos
Queria olhar-te, mas me falta teus olhos
Queria sentir-te, mas me falta teu corpo
Queria ter-te, mas falta-me...






(* com uso de uma pequena licença poética)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Amistad


Tenho me sentido órfão de amigos ultimamente... fisicamente...
Eu sei quem reside em meu coração...
Talvez eu só tenha percebido agora, que o tempo passou.
As velhas amizades, aquelas verdadeiras se foram por esse mundo afora.
E me intriga isso.
Sempre se ouve esse tipo de história quando se é do interior, de uma cidade pequena, quando o mundo extravasa aqueles limites do município onde se nasceu e se criou. Tudo fica pequeno demais pro tamanho da própria vida e não resta outra coisa a fazer além de sair pro mundo...
E é ai que é estranho, nasci em uma capital, cidade grande, e mesmo me considerando um cidadão do mundo, por tantos lugares em que já morei e vivi, sempre foram cidades grandes, capitais... Fui deixando minhas raízes crescendo em todos essas cidades, e principalmente aqui em São Paulo, onde mais vivi até hoje... e aqui, onde mantive minhas amizades mais sinceras e verdadeiras, é onde me sinto mais órfão...
Meus amigos se foram para o mundo... fizeram o caminho inverso... foram para cidades pequenas e longínquas, pelo interior desse nosso Brasil...
Acredito que a amizade seja um movimento... novas amizades vão se formando, as velhas se mantendo... sempre acrescentando...
Será que o culpado sou eu? Será que não consegui manter os meus amigos perto de mim? Nesse mundo louco que a gente vive, qual a minha parcela de culpa em ter-me feito órfão de meus amigos? E as novas amizades? Será que, a partir de uma certa idade, não se é possível criar novas amizades?
A amizade nasce com o tempo, com a convivência... Será que não prestei a atenção devida a esse tempo que não para de passar?
Como cidadão desse mundão de meu Deus, sei da minha parcela de culpa, afinal fui eu quem sempre foi embora pra depois voltar... e sempre deixando raízes, tenho certeza disso.
Acho que tenho que admitir que, antagonicamente, dessa vez, sou eu que estou me sentindo “abandonado” das minhas amizades. Foram elas que foram embora e eu fiquei... Sei que elas continuam dentro de mim... nunca irão morrer, mas...
Criar novas amizades?
Será que o tempo permitirá?
Existe tempo pra isso?
Ou será que está na hora de, mais uma vez, sair em busca de uma nova paragem?
Tenho me sentido órfão de amigos ultimamente...

Pode ser mais fácil...uma nova cidade... novas amizades...

domingo, 19 de outubro de 2008

Pare de sonhar...


— Eu me lembro da dor... era como um peso, uma força danada, insuportável. Me tomava por completo... e foi naquele momento que eu ... AHHH!!!... E a dor continuava... e me torturava... Percebi de onde ela vinha, mas não o que a causava... Eu me lembro muito bem da dor e pela primeira vez... pela primeira vez na minha vida, acho que rezei... mas eu não lembro... Só lembro que quanto mais eu rezava, mais a dor me torturava...
Foi quando eu... AHHH!... comecei... aquele calor... aconchegante... reparador... AHHH! Eu não agüento mais...

— Me desculpe, me desculpe...

— Shhhh Shhh... Pare de sonhar... Vai passar, vai passar... Tudo vai passar... É hora de partir...

sábado, 18 de outubro de 2008

Observação


Observando...
Verdes campos.
Linda grama
aparada; Amparando
cinzentas cidades.
Horrível asfalto
preto; Perto,
azul rio.
Cristalina água
calma; Karma
que tenho que
levar; Lavar
a consciência suja.
A pura coincidência
de suportar; Superar
o anil do céu...
O ar...
Transparente.
Transpassar a parede.
Se tornar invisível e sumir.
Assumir.
Todos os atos, observar...
Sumir...
Refletir...

Restos...


Sinto uma parte do meu coração inerte,
como um infarto parcial...
Um pedaço dele jaz morto em meu peito.
Sem um fio de vida sequer, ele apodrece, definha e escurece.

Causa uma dor enorme sentir uma parte de si mesmo morrer.
Sentir um pedaço da gente esvaindo-se por pura falta,
por puro descaso, por puro desamor...

Mas a natureza é sábia.
Enquanto uma parte morre, sinto outra nascer, brotar, florescer dentro de mim...

Mas a intensidade da dor de um amor morrendo é inevitável...

Então, com um olhar sob esse novo coração, inteiro, ainda que como em um paradoxo, tento continuar...
— e consigo —
mas no meio desse processo me resta ainda viver o luto.

(Escrevi isso no começo desse ano. E, como num ciclo, penso nisso de vez em quando e por isso postei aqui hoje. Tudo são ciclos... Inevitável.)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Lágrima II










Dizem por ai
que a lágrima é a forma líquida da saudade...
... ou da dor...
Queria poder dizer...
que a saudade é a forma etérea da felicidade...
Pois, se é saudade, é porque já a vivi...
Queria...

Lágrima

Gota d'água
que transborda
do copo
Como se fosse
Vida
que transforma
A alma
que transfere
A dor, o som
A cor, o dom
Como se fosse
Um eco
do copo
do corpo
que transborda
Água...
Como se fosse
Uma gota de alma
que transborda da vida
Como se fosse
Uma gota d'água
que transborda
do copo...
do corpo...
da vida...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Esperança II

Oco
Vazio
Ida
Volta
Ar
Vento
Nada
Branco
Tudo
Preto
Úmido
Seco
Não
Sim...
Não
Seco
Úmido
Preto
Tudo
Branco
Nada
Vento
Ar
Volta
Ida
Vazio
Oco
E continuo aqui...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quatro mil, novecentos e vinte e sete...



Sinto-me despedaçado... em cacos...
4.927 pequenos pedaços de mim...
Esquizofrênizo-me ao me ver em tantas partes assim...

Minha vida partida, cindida...
... desintegrado em milhares de cacos...
Cacos de mim...

Apenas... cacos de mim...
do que sou...
do que era...

Tentei reunir todos os pedaços pra ver o que tinha sobrado...
Nada...

O que me resta fazer... apenas varrer pra baixo do tapete,
disfarçando sem que ninguém perceba,
os caquinhos do que um dia eu fui...

4.927 pequenos pedaços de mim...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lei da compensação.

Eu tinha um amigo, já falecido até, morreu muito moço, que quando se alimentava, era sempre até a última garfada do prato, nunca deixava nem um grão de arroz sobrando... Ele falava que se sobrasse comida no prato dele, estaria faltando essa comida em algum outro lugar do planeta. Alguém estaria com fome... com uma fome exatamente do tamanho daquela pequena garfada deixada...

Lembrei de uma historia, que dizem que quando Deus fecha uma porta, uma janela se abre... e isso me fez pensar...

... e isso pode parecer pura bobagem...

Mas fiquei pensando: será que então, quando alguém se entristece, algum outro alguém, em algum outro lugar do planeta, se alegra...???

Seria como um equilíbrio cósmico... alguma coisa assim... para um ter, o outro tem que sentir falta... esse tipo de coisa...

Isso é valido? Essa minha pequena pseudo-teoria teria algum fundamento?

Será que essa tal de Lei da Compensação é realmente valida pro universo inteiro, em todas as camadas, em todas as esferas, em "ser” humano?
Até mesmo quando falamos de felicidade? De amor???

Sei que precisa existir um equilíbrio... sempre... Mas será que até mesmo quando falamos de sentimentos?

Ruim isso... não sei...

Então como vamos acreditar no amor... na felicidade...? Isso não existe??
:
Eu estava pensando em 2 pessoas se amando...
Difícil existir isso então... acreditar que 2 pessoas possam se amar ao mesmo tempo... Será que sempre um ama quando o outro não?

Se estiver amando e sendo amado, isso significa que nesse exato momento existem 2 pessoas se odiando, se separando ou se desamando?

De repente dá até pra ampliar essa idéia... Mas fico pensando que não é muito justo... não me soa como um equilíbrio propriamente dito...
Ou então teremos que acreditar em coincidência também, acaso... sorte até?

Duas pessoas se encontrarem em sintonia perfeita...
Muito raro isso.

Tem coisas que a gente atrai, e têm outras em que somos atraídos pelo universo... Temos sempre que aprender alguma lição.

Mas se pensarmos em leis de atração, aparece um viez maior ...
Por que, então, ficam 2 forças atuando ao mesmo tempo... 2 leis...
A lei de compensação e lei de atração... ao mesmo tempo.
Eu acho que elas brigam entre si... não sei... não estou convencido dessa historia da lei de compensação ser tão universal assim...

A infelicidade de outros depender da nossa felicidade? Ou vice-versa?

Consolador talvez, pensar em alguém ser feliz quando me entristeço...
Mas não me parece nem um pouco justo... nem um pouco.
...
Mas o fato é que quando esse amigo morreu,
a única coisa que pude pensar quando soube,
é que naquele instante...
uma nova vida estaria nascendo em algum outro lugar...

Revés

O fato,
o revés do tato.
O corte rente,
na carne.
A mente...
A luz, apavorada
Sente na pele.
Um ardor, um temor.
A angústia já vivida, já sofrida.
Despercebida.
O frio aço da lâmina...
Descontente e prateado.
Irreversivelmente
a mente se desloca.
Pois, já transpassada,
a mente se reverte.
Cobrindo com o véu,
a dor inconsciente da insanidade.
Translúcida...
Alucinadoramente...
(alucina a dor e a mente)
Fatal, mas
sobrevivente...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Chuva



Hoje eu sai na chuva...
Há muito tempo que eu não fazia algo que me deixava realmente feliz: tomar chuva...
Apesar do frio e do vento gelado, lavei um pouco a minha alma.

Afoguei-me em cada gota que caia... em cada afeto que se esvaia.
Encharcado... naquela manhã solitária.
Com minha alma gelada... senti tocar cada pingo da chuva fria.

Hoje eu sai na chuva...
Com a alma feliz e gelada...


(PS: é uma pena como a gente vai deixando de fazer as pequenas coisas que fazem bem pra gente... Que faz a nossa alma mais feliz, como diria meu amigo Fre).

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Migalhas...




Aprendi a não mendigar por migalhas de afeto... (eu acho)
Uma palavra apenas... um gesto que seja...
Em vida... aos pedaços... ou inteiro...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sabotagem



Eu acho que essa é a palavra certa...
Auto-sabotagem.
É incrível como a gente vive criando ciladas pra gente mesmo na vida.
Quando a gente percebe, é tarde demais (geralmente).
E a bomba explode...
E mais uma vez morremos um pouco... por inteiro...
Ou melhor, nos matamos um pouco... ou um pedaço da gente, que seja...
Mais uma vez...
.
Mais uma vez...
Nós mesmos causamos o nosso morrer...
Aos poucos...
E é burrice não aprender com os erros.
.
E me vejo em mais uma cilada... criada por mim mesmo...
Novamente...
.
Mas sinto falta...
... mais uma vez.

domingo, 5 de outubro de 2008

Vício


Tonto de amor
embriagado de você.
Mesmo que no dia seguinte
esteja de ressaca...
Droga...
Mal estar e dor de cabeça.
Com meu sangue
cheirando prazer
Quero ser exorcizado.
Chapado de desejo,
viciado em você.
Impregnado, até o coração.
Que seja feita
uma sangria.
Que descubram um remédio...
Droga...
Que inventem uma vacina...

Que me curem de você.

sábado, 4 de outubro de 2008

Arte!


Toma nosso corpo, invade nossa mente, contamina nosso sangue e se instala em nossas entranhas...

Como um vírus...

Partículas que se espalham por todo nosso corpo, mobilizam nossos movimentos e vicia nossos pensamentos...

Somos tomados por inteiro até perdermos nosso controle...

Compromete nossos sentidos fazendo-nos irracionais e ai...

...nada mais há a fazer...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Dança

Estampado na carne, pudor.
A navalha cortando, a dor.
Bailando na pele, suor.

O corpo brando, vibrando.
O sangue correndo, cortando.
O sentimento pulsando, bailando.

A coerência simultânea.
A dança.
A coexistência.

O rumor.
O tumor.
O pavor.
O sepulcro do amor.
O amor estampado na carne, sangrenta.
Bailando no baixo-ventre da humanidade...

Angústia

O último suspiro,
a última palavra,
a última esperança...
Sonhos esperados...

Sonhos sonhados numa noite fria de inverno,
no centro da cidade...
Bebendo uma dose de vodka vagabunda,
num bar de esquina qualquer.

Êxtase

Pelos pés, pelas mãos
Pelos pulsos, pelos braços
Pelos ombros
Pelo pescoço, que me agarro.
Pela nuca, pela testa
Pela boca, que me beija.
Pelos dentes... caninos
Pelos cabelos...
Pelas orelhas, que me escuta.
Pelo nariz, que sente cheiros.
Pelas costas, que tanto gostas.
Pelo peito, que respira.
Pela barriga, pelo umbigo
Pelas pernas, que me enrosca.
Pelos joelhos,
Pelos cotovelos,
Pelos tornozelos...
Pelas unhas,
que me arranha.
Pelos dedos,
que me toca.
Pelos olhos,
que me fita.
Pela pele,
que me sente.
Pelos pêlos,
que se arrepiam.
Pelos poros,
que transpiram.
Pelo amor
Por você...

Por tato
Por cheiro
Por gosto
Por desejo
Por olhar
Por língua
Por sensação
Por inibição
Por sedução
Por beijos
Por corpo
Por prazer
Por pele
Por pêlos
Por poros
Por amor
Com você...



Com carinho
Com afeto
Com saudades
Com alegrias
Com tristezas
Com segurança
Com confiança
Com prazer
Com respeito
Com amizade
Com pele
Com pêlos
Com poros
Com amor
Pra você...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Esias & Étas


Pô... !


Um Poema Cênico em 6 Fragmentos...

FRAGMENTO N.º 1 - A Angústia

FRAGMENTO N.º 2 - A Ruptura

FRAGMENTO N.º 3 - A Elucubração

FRAGMENTO N.º 4 - A Realidade

FRAGMENTO N.º 5 - A Perda

FRAGMENTO N.º 6 - O Fim (ou O Início...)

Sou um homem amordaçado, a minha palavra não deve ser ouvida...
Sinto minha identidade ameaçada, negada.
Só me restam três únicos recursos...
O silêncio... A loucura... Ou a morte...


Foco de luz fecha no papel solto no chão. Black Out.
Fecham-se as cortinas.